Fonoaudiologia no Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Principais recomendações A fonoaudiologia desempenha papel central na habilitação e reabilitação da comunicação de pessoas com Transtorno do Espectro Autista. O planejamento terapêutico deve ser singular, respeitando a variabilidade de perfis dos indivíduos, e integrado a uma equipe interdisciplinar, com suporte familiar e escolar.^1

1. Papel do fonoaudiólogo

O fonoaudiólogo atua na:

• Avaliação de linguagem receptiva, expressiva e pragmática, bem como de habilidades orais e escritas.^2
• Identificação de alterações sensório-motoras orofaciais, audição qualitativa (e.g., hiperacusia) e alimentação.^3
• Planejamento de intervenções baseadas em evidências científicas, com autonomia para escolher métodos e frequência terapêutica.^1

2. Avaliação Inicial

A avaliação pré-terapêutica deve incluir:

1. Observação comportamental em diferentes contextos para mapear formas de comunicação espontânea.^2
2. Testes padronizados e dinâmicos de linguagem para identificar atrasos ou desvios de desenvolvimento.^2
3. Análise de habilidades pragmáticas (iniciação, manutenção de turnos e compreensão de nuances sociais).^2

3. Abordagens Terapêuticas

Não há um método único comprovadamente superior; o fonoaudiólogo escolhe técnicas adequadas ao perfil de cada pessoa. As principais incluem:^1

3.1 Análise do Comportamento Aplicada (ABA)

Estratégias de reforço positivo para aquisição de habilidades verbais e de comunicação funcional, muitas vezes em colaboração com terapeuta ABA.^4

3.2 Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)

Sistema PECS (Picture Exchange Communication System), uso de pranchas ou aplicativos que facilitam a expressão de necessidades e desejos.^4

3.3 Terapia de Linguagem Estruturada

Uso de jogos, materiais visuais e roteiros que promovem compreensão conceitual, narrativa e articulação de frases completas.^4

3.4 Técnicas Orofaciais e de Articulação

Exercícios de fortalecimento muscular, treino de fonemas e fluência para aprimorar clareza da fala.^5

3.5 Intervenção Precoce

Quanto mais cedo iniciar, maiores as chances de ganho de linguagem receptiva e expressiva, bem como de competências sociais.^4

4. Benefícios Esperados

• Melhora na aquisição de vocabulário, compreensão auditiva e expressão oral.
• Aprimoramento da articulação e da fluência verbal, reduzindo ecolalia e fala estereotipada.^5
• Desenvolvimento de habilidades pragmáticas, como contato visual, turn-taking e interpretação de expressões faciais.^2
• Aumento da autonomia, ao permitir que a pessoa expresse necessidades e participe de interações sociais de forma funcional.^2

5. Aspectos Éticos e Legais

• Regulação pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia: autonomia técnica garantida pela Resolução 400/2010.^1
• Respeito às Diretrizes de Atenção e Reabilitação da Pessoa com TEA do Ministério da Saúde.^6
• Necessidade de laudos precisos e acompanhamento contínuo, com reavaliações periódicas do progresso.^7

6. Atuação Interdisciplinar

O fonoaudiólogo deve trabalhar em conjunto com:

• Terapeuta Ocupacional
• Psicólogo/Terapeuta ABA
• Educador Especial
• Família e professores

Isso assegura que as estratégias de comunicação sejam reforçadas em todos os ambientes do indivíduo.^2

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